domingo, 24 de janeiro de 2016

REVIEW: Toma Lá, Dá Cá - "O Dia Em Que a Terra Tremeu" (1X01)

Quase 2 anos após a exibição do especial de final de ano, também conhecido como o episódio piloto da série, Toma Lá, Dá Cá ganha o primeiro de uma temporada completa encomendada pela TV Globo. A série teve inicio na noite de 7 de agosto de 2007, e como o episódio piloto, também foi muito bem aceito pela audiência e pela crítica. Como a maioria dos personagens já haviam sido apresentados no episódio piloto, com exceção de Copélia (interpretada de forma divina por Arlete Salles), o roteiro pôde partir direto para o desenvolvimento da trama, sem precisar ficar justificando o que cada um faz em meio aos acontecimentos.

O texto a seguir, contêm um estratosférico número de SPOILERS.

   
O episódio começa com Mário Jorge (Miguel Falabella) e Celinha (Adriana Esteves) assistindo um filme pornográfico para esquentar a relação, mas Mário fica espantado com as habilidades da atriz e perde o foco. No apartamento do outro lado do hall, Rita (Marisa Orth) também está tentando apimentar a relação, mas seu esposo Arnaldo (Diogo Vilela) se mostra preocupado apenas com a dentadura que implantará em um Deputado no dia seguinte. Em seus primeiros momentos na pele de Rita, Marisa Orth demonstra que nasceu papa o papel, e apaga totalmente a imagem da personagem que fora interpretada por Débora Bloch no episódio piloto. 
O casal é interrompido por uma briga entre Isadora (Fernanda Souza) e Tatalo (George Sauma), fazendo com que a  mãe se estresse e vá buscar a ajuda do pai dos meninos, Mário Jorge. Uma boa sacada do roteiro, foi deixar claro que quase dois anos haviam realmente se passado entre o episódio piloto e o primeiro da temporada regular, não tentando deixar os filhos dos casais presos às suas idades de 2005, e acompanhando o desenvolvimento do elenco jovem. A personagem de Isadora, que fora interpretada no piloto por Mitzi Evelyn, também ganha uma nova versão nas mãos de Fernanda, apagando a imagem que tínhamos daquela garota de cabelos coloridos. Fernanda elevou as características que o roteiro exigia de Isadora, tornando-a uma das melhores personagens da série. 
Celinha recebe uma ligação de sua mãe, Copélia, e fica sabendo que o apartamento dela sofreu um terrível incêndio e agora precisará passar um tempo no apartamento de sua filha. Arnaldo adverte o restante da família sobre como Copélia é perigosa, uma "calamidade", como definida por Rita. A mãe de Celinha já chega causando com uma roupa chamativa, maquiagem extrema e cheia de malas com bebidas, que foram as únicas coisas que ela conseguiu salvar no incêndio em seu apartamento. Arlete faz um trabalho fantástico como a personagem, e acabaria se tornando a mais famosa de toda a série. Copélia não admite ser tratada como "avó", e pede para ser chamada por "parenta", e para completar possui uma personalidade forte, repleta de malícias. Adônis (Daniel Torres) que no piloto já mostrava que era uma criança bem inteligente, aqui deixa claro que além de estranho, está se tornando um adolescente culto, e que por vezes, não e encaixa na "promiscuidade" em que as famílias vivem.


Bozena (Alessandra Maestrini) comunica aos casais que encontrou uma planta escondida no armário de Tatalo, e todos começam a suspeitar que seja algo ilícito. A planta que possui até nome, Chewbacca, tinha até iluminação artificial, o que reforça a ideia de que fosse algo além do normal. Arnaldo entra em desespero quando percebe que Isadora usurpou a dentadura que ele implantaria no Deputado Marreta (Otávio Augusto), e fica ainda mais desesperado quando o próprio chega ao apartamento da família exigindo receber o implante. A atuação de Otávio Augusto é opaca e chega a ser irritante na maior parte do tempo, sendo suprida várias vezes por outros personagens. 
Para evitar que o Deputado veja a Chewbacca, Copélia fica responsável por escondê-la. Contudo, todos acabam descobrindo que a planta faz parte de um projeto de biologia em que Tatalo auxiliava seu professor. Após insistir em ter sua dentadura colocada, o Deputado aceita tomar um suspeito chá oferecido por Copélia antes de partir para o Senado. Ao final do episódio, Celinha e Mário Jorge descobrem que Adônis estava assistindo ao filme pornográfico (chamado de "documentário animal") do início do episódio, e que a estrela do filme é uma velha amiga de Copélia. Quando o telejornal nacional começa, Arnaldo e Rita acabam ficando boquiabertos ao verem o Deputado promovendo o caos dentro do Senado, já que tinha bebido o chá feito da Chewbacca, que por sua vez era uma forte planta alucinógena. Esta é a única cena em que a atuação de Otávio fica realmente interessante, e combina com o restante do espírito da série. 
Como o episódio inicial da temporada, ele cumpre bem o seu papel em desenvolver a trama sem jogar informações demais aos telespectadores. A direção de Mauro Mendonça Filho é bem executada, mas é o trabalho de interpretação do elenco que dá todo o charme final para o episódio. 


NOTA 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10



Episódio exibido originalmente em 7 de agosto de 2007, pela Rede Globo.
Dirigido por: Mauro Mendonça Filho.
Escrito por: Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa.


REVIEW: Mr Bean - "The Return of Mr Bean" (1X02)

O segundo episódio de Mr Bean foi exibido dez meses após o episódio piloto, provando que os hiatus televisivos do Reino Unido não são brincadeira. O episódio é dividido em quatro arcos em que o personagem vive diversas trapalhadas; no primeiro Bean (Rowan Atkinson) tenta doar uma moeda para um artista de rua, no segundo ele vai às compras, no terceiro vai comemorar o seu aniversário em um restaurante, e no último se prepara para conhecer a Rainha Elizabeth II.

O texto a seguir, contêm um estratosférico número de SPOILERS.


No primeiro arco, o mais curto do episódio, Bean está caminhando pelas ruas londrinas e se depara com um saxofonista cego (interpretado por Dave O'Higgins) realizando uma apresentação na calçada. Decidido à contribuir com uma doação, ele procura por moedas em seus bolsos, mas só encontra dinheiro de papel. Para não deixar de contribuir, coloca-se a fazer uma pequena performance ao som do saxofone, com a intenção de também ganhar moedas dos passantes, para enfim poder realizar a sua doação ao artista. O ponto alto deste primeiro arco, fica por conta da estranhíssima dança que Bean realiza na calçada, sendo uma ótima atuação de Atkinson.


No segundo arco, Bean vai às compras em uma grande loja de departamento e não perde a oportunidade de exibir o seu novo cartão de crédito da American Express. Após quase ser intoxicado no corredor de perfumes, ele passa a experimentar diversos produtos na loja de uma forma hilária; como uma escova de dentes, uma toalha para banho, um cortador de alimentos, uma frigideira e até um aparelho de telefone. Quando finalmente termina as suas compras, se dirige ao caixa, onde uma pequena confusão faz com que um outro cliente (interpretado por Paul McDowell) acabe confundindo os seus cartões de crédito. Bean resolve colocar a mão no bolso da calça do homem, para recuperar o seu cartão, mas as coisas não saem como o planejado.


No terceiro arco, ele vai comemorar o seu aniversário em um requintado restaurante. Após enviar um cartão de parabenização para si mesmo, decide conferir o cardápio. Para a sua surpresa, os preços dos pratos são caríssimos, e ele opta pelo mais barato do menu. Bean recusa uma segunda taça de vinho, e diz "estar dirigindo", como se o álcool o deixasse pior ao volante do que ele é normalmente. Quando o prato escolhido finalmente chega, ele descobre que não passa de carne crua e com um gosto terrível. Desesperado para dar um fim ao prato sem chamar a atenção dos funcionários do restaurante, Bean começa a se desfazer aos poucos da carne, escondendo partes nos mais variados lugares próximos. Quando o garçom (interpretado por Roger Lloyd-Pack) tropeça próximo a mesa de Bean, ele aproveita o momento e diz ter sido vítima da falta de atenção do rapaz, indicando todos os locais no qual "caíram" alimentos. Como uma forma de pedir desculpas, o Gerente (interpretado por John Junkin) oferece uma nova mesa a Bean, e para o seu espanto, o mesmo prato anterior lhe é oferecido. Novamente a atuação de Atkinson merece aplausos, sendo a sua interpretação naturalíssima.


No último arco, e talvez o melhor, Bean participará de uma première cinematográfica no Odeon Leicester Square no qual a própria Rainha Elizabeth II (interpretada por Tina Maskall) estará presente. Na espera para cumprimentar a monarca, Bean presta a atenção nos movimentos de um outro homem próximo (interpretado por Robin Driscoll), e começa a lustrar os sapatos com cuspe, usar quase todo o spray para hálito, e usar uma linha da roupa de uma outra mulher (interpretada por Matilda Ziegler) próxima como fio dental. Para finalizar, Bean resolve usar o zíper da calça como cortador de unhas, mas é interrompido pela chegada da triunfal da Rainha. Desesperado para ficar apresentável, acaba tendo a sua mão presa no zíper (em uma posição muito suspeita), o que acaba resultando em um acidente com a ilustre convidada.
O episódio embora gravado de forma simples por John Howard Davies, conta com ótimos plots, e além da atuação de Atkinson, são os personagens secundários que merecem reconhecimento. A qualidade da personagem título que já havia sido apresentado de uma ótima forma no primeiro episódio, ganha aqui a consolidação na grade televisiva britânica.



NOTA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10


Episódio exibido originalmente em 5 de novembro de 1990, pela ITV.
Dirigido por; John Howard Davies.
Escrito por; Richard Curtis, Robin Driscoll e pelo próprio Rowan Atkinson.



REVIEW: Fresno e Chitãozinho & Xororó - "Estúdio Coca-Cola"

Entre 2007 e 2008, a Coca-Cola firmou parceria com a MTV Brasil pra produzir uma série de programas com a intenção de misturar diversas bandas e cantores, apresentando a ideia de diferenças musicais entre o artistas nacionais. Em 2008, foi anunciado que uma das misturas seria entre a banda Fresno e a dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó. Imediatamente ao anúncio, uma grande polêmica surgiu, principalmente entre os fãs mais jovens da banda de rock.
Naquele ano, a banda Fresno tinha explodido em popularidade pelo país, e atraia uma legião de jovens sedentos por mais emocore (que vivia seu auge no Brasil), e o anúncio inicialmente criou um choque em seus seguidores. Já a dupla de sertanejo de raiz, Chitãozinho & Xororó, já possuía uma carreira sólida na indústria musical de quase 40 anos, e também contava com uma infinidade de fãs (em sua maioria com mais de 30 anos de idade), e esses também torceram um pouco o nariz para a anunciada mistura, embora a situação tenha sido bem melhor aceita pelos galopeantes.


Canções apresentadas;

1 - "Polo" (Fresno)
2 - "Evidências" (Chitãozinho & Xororó)
3 - "Brincar de Ser Feliz" (Chitãozinho & Xororó)
4 - "Duas Lágrimas" (Fresno)
5 - "Uma Música" (Fresno)
6 - "Vá Pro Inferno Com o Seu Amor" (Chitãozinho & Xororó)
7 - "Alguém Que Te Faz Sorrir" (Fresno)
8 - "Na Aba do Meu Chapéu" (Chitãozinho & Xororó)

Cada projeto de mistura contava com 4 programas, no primeiro (exibido em 18/07/08) a produção fazia uma "troca de baladas" entre os fãs da banda e os da dupla sertaneja, em que um experimentava os points típicos do outro. O segundo (exibido em 25/07/08) acompanhava o dia-a-dia na vida de cada um dos artistas. No terceiro (exibido em 01/08/08) aconteceria o primeiro encontro entre Chitãzinho & Xororó e a Fresno, onde conversaram sobre suas carreiras e definiram quais canções seriam utilizadas nos ensaios. O último programa (exibido em 08/08/08) contava com o tão esperado show entre eles, misturando o rock com o sertanejo. A primeira canção desse programa foi "Polo", que era um dos maiores hits da época. A versão apresentada ganhou violão de fundo e até uma sanfona, e o resultado foi incrível.


Os membros da banda revelam, o quão nervosos ficaram quando souberam que fariam parceria com a lendária dupla sertaneja. E a dupla por sua vez, se mostrou muito interessada em compartilhar suas experiências e aprender com membros de um gênero tão diferente do que estavam acostumados. Chitãozinho diz nunca ter esperado que uma de suas músicas mais famosas, "Evidências" um dia ganhasse um toque mais pesado com guitarras. Ninguém, ou talvez poucos, esperavam que essa versão ficasse tão fantástica, sendo de longe a mais elogiada do programa. O resultado foi tão surpreendente, que a parceria deles foi repetida com grande destaque no show de encerramento do VMB de 2008, a premiação musical da MTV Brasil.


O clima de descontração e de afinidade entre os cantores fica claro a todo o momento, inclusive com algumas piadas de que aquele seria o primeiro "show SertanEmo" da história. A canção "Brincar de Ser Feliz" se tornou extremamente pesada, tornando-a um choque (no bom sentido) para os que já a conheciam. Lucas Silveira torna as letras dos sertanejos ainda mais graves, com uma espécie de entonação bestial e que foi muito bem trabalhada.
A música "Duas Lágrimas" caiu perfeitamente bem nas vozes de Chitãozinho & Xororó, e isso foi comentado pela grande maioria das pessoas envolvidas, como se ela tivesse sido composta pela própria dupla. Ela também ganhou uma viola caipira de fundo, fazendo com que ficasse ainda mais impactante, musicalmente falando.


A versão de "Uma Música" ficou mais dinâmica que a original, e foi acompanhada de uma excelente gaita como pano de fundo. Na época, a canção também era um grande hit nacional, e foi uma das mais esperadas durante a exibição do programa. Um dos grandes destaques, foi a nova versão de "Vá Para o Inferno Com o Seu Amor", que Lucas tornou ainda mais sucinta e forte com seu acorde e uma "garganta de ferro". A canção é uma das mais famosas da dupla sertaneja, e foi talvez a mais esperada versão pelos seus fãs. "Alguém Que Te Faz Sorrir" se tornou mais "light" com o auxílio do vocal de Xororó, com momentos-chave em que a guitarra ganha um ótimo destaque.
A canção final dessa mistura promovida pela Coca-Cola e a MTV Brasil, foi "Na Aba do Meu Chapéu", que fechou magistralmente bem esse inusitado encontro. O programa foi um sucesso, sendo elogiadíssimo por unanimidade da crítica e pelos fãs de ambos os gêneros. Muitos apontam que foi de longe a melhor mistura realizada pelo Estúdio Coca-Cola, mantendo ótimas críticas até hoje e sendo lembrado com carinho pelos integrantes da banda e os sertanejos.



NOTA 
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Exibido originalmente em 18/07, 25/07, 01/08 e 08/08 de 2008, pela MTV Brasil.
P.s. o último programa (em que o show foi apresentado) está disponível por completo no canal da banda Fresno, no YouTube.



REVIEW: Fresno - "Redenção"

Redenção foi o quarto álbum da banda Fresno, lançado em 2008 e contando com 13 faixas. A formação da banda na época contava com Lucas Silveira (vocal/guitarra), Rodrigo Tavares (baixo/vocal), Vavo (guitarra) e Pedro Cupertino (bateria). A maior parte das letras foram escritas por Lucas, tendo sido auxiliado por Tavares em "Redenção", "Europa" e "Milonga". O CD tornou a banda uma febre nacional, e foi recebido de forma mista pela crítica, talvez por ser ligeiramente diferente dos seus antecessores.


Faixas;

1 - "Sobre Todas As Coisas Que Eu..."
2 - "Não Quero Lembrar"
3 - "Uma Música"
4 - "Contas Vencidas"
5 - "Desde Quando Você Se Foi"
6 - "Redenção"
7 - "Alguém Que Te Faz Sorrir"
8 - "Passado"
9 - "Goodbye"
10 - "Europa"
11 - "Você Perdeu de Novo"
12 - "Polo"
13 - "Milonga"

O álbum têm início com "Sobre Todas As Coisas Que Eu...", uma espécie de prólogo para a faixa seguinte, "Não Quero Lembrar", que surge de uma forma grandiosa após a introdução. A terceira faixa, "Uma Música", possui uma melodia mais leve e descontraída em relação aos trabalhos anteriores dos gaúchos e acabou se tornando um dos maiores hits da banda. Já "Contas Vencidas" nos remete imediatamente à Quarto dos Livros e/ou O Rio, a Cidade, a Árvore, graças a inconfundível pegada de início de carreira.
A faixa "Passado" é uma das melhores do álbum, preenchendo todos os quesitos de uma canção típica da banda, mas com bons arranjos orquestrados com uma letra chamativa  e descompromissada. "Goodbye" pode ser considerada o trabalho mais "estranho" já desenvolvido pela banda, aparentando fugir do estilo que ela vinha moldando, mas isso não torna uma canção inferior, longe disso. "Polo" é uma daquelas músicas que torna-se viciante para o ouvinte, graças ao seu ótimo conjunto de instrumentação. O destaque mesmo, fica para as canções "Europa" e "Milonga", que entregam uma qualidade de composição e instrumental fantástica.
Esse flerte da Fresno com o pop-rock não resultou em um trabalho de pouca qualidade criativa, como muitos críticos afirmam, ao contrário, deu a oportunidade para que eles pudessem experimentar uma diferente linha narrativa. Redenção vendeu em torno de 50 mil cópias físicas no seu ano de lançamento, tornando-se o único álbum da banda a conquistar um Disco de Ouro. Considerando que quase todas as músicas do CD acabaram se tornando hits instantâneos pelo Brasil, o feito da banda merece destaque, e isso garantiu que eles sofressem uma evolução ainda melhor no seu próximo álbum.



 NOTA 
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Álbum: "Redenção"
Ano de Lançamento: 2008
Gênero: Rock, Pop Rock
Gravadora: Universal Music



sábado, 23 de janeiro de 2016

REVIEW: The X-Files - "Pilot" (1X01)

O ano era 1993, e a rede de televisão Fox se arriscou com uma série perigosa para os padrões da época, escrita por um surfista e focada em dois agentes do FBI interpretados por quase desconhecidos do ramo, e que investigariam casos inexplicáveis pelo Bureau. Nascia The X-Files, uma das séries de ficção científica mais importantes da história.

O texto a seguir, contêm um estratosférico número de SPOILERS.

O episódio começa com um "alerta", nos informando que a estória relatada ali era inspirada em casos reais documentados. Para quem se interessa por assuntos pseudo-científicos, isso não seria novidade, mas para a maior parcela dos telespectadores de primeira viagem da época, esse "aviso" poderia lhes chamar ainda mais a atenção para a trama. Com isso, Chris Carter já começa acertando logo nos primeiros segundos da série, algo difícil em termos históricos na TV mundial. Somos então engolidos por uma sombria floresta nas redondezas da cidade de Bellefleur, no Oregon, na qual uma jovem corre desesperadamente fugindo de alguém que aparenta ter saído de uma misteriosa luz. Acerto novamente com a rápida apresentação de um caso. Após o fim trágico da jovem, tomamos conhecimento de que o acontecimento já ocorreu antes com outros jovens locais, e desperta impaciência na força policial local, principalmente no Detetive Miles (Leon Russom). A forma rápida e certeira de apresentar um mistério, com a belíssima trilha sonora de Mark Snow (algo fundamental no decorrer da série), é mais um acerto na conta de Carter.


Após montar o tabuleiro, é hora de apresentar as peças, e a primeira delas, é a Agente Especial Dana Scully (Gillian Anderson), se dirigindo para o Quartel General do FBI, em Washington. Gillian era uma atriz praticamente desconhecida do grande público, mas que conquistou o coração de Carter, e o fez lutar por ela no papel, já que a Fox pretendia contratar uma atriz "mais chamativa" para atrair a audiência (masculina, como uma boa seguidora de conceitos ultrapassados). Em seus primeiros momentos em cena, Gillian deixa claro por qual motivo ela mereceu o papel. Ela foi convocada à Capital para uma reunião com o Chefe de Divisão Scott Blevis (Charles Cioffi), que a deixa ciente de que foi designada para o Departamento X (ou para os mais descolados do Bureau, "Arquivo X"), na expectativa de que ela escrevesse relatórios com bases científicas validando as investigações do Departamento, fazendo com que fosse decidido se era válido ou não manter essa parte "diferente" dentro das instalações do Bureau. Scully revela ter conhecimento das atividades X, mas como toda a maioria (pelo menos oficialmente falando) demonstra não dar tanta credibilidade, e também diz conhecer o Agente responsável pelo Departamento por seu apelido, nada amigavel de "spooky". Enquanto a reunião prossegue, Scully e Blevis estão acompanhados de um estranho homem que fuma incansavelmente seu cigarro, e demonstra uma certa preocupação com a situação. Num primeiro momento, não fazemos ideia de quem ele seja e qual o seu papel dentro do Bureau, mas o Smoking Man (William B. Davis) acabaria se tornando o antagonista da trama.

Scully então se dirige para o porão do Quartel General, onde fica (intencionalmente escondido, talvez?) o Departamento X, e lá conhece pessoalmente o Agente Especial Fox Mulder (David Duchovny) em plena atividade. Seja pela interpretação dos atores, seja pelos fortes personagens criados por Carter ou acabe não sendo por nada disso, mas a química entre Gillian e David é instantânea, e isso é perceptível (quase gritante) para qualquer um. Após Mulder revelar ter feito uma boa pesquisa sobre a sua nova colega de trabalho, e deixar claro que sabe por qual motivo ela está ali, a deixa ciente do caso no qual está trabalhando.
Ele pede a opinião de Scully sobre algumas misteriosas marcas encontradas no corpo da jovem morta no começo do episódio, e ela se mostra confusa com a substância química encontrada nas tais marcas. Mulder então diz ter algumas teorias sobre o caso, e elas envolvem uma simples pergunta; "você acredita na existência de extraterrestres?". Como uma boa cética, Scully dá uma resposta logica, na tentativa de apagar a visível animação de Mulder, mas ela não desconfiava o quão difícil isso seria...


Eles então partem para Bellefleur para investigarem melhor o caso, contudo, no caminho, o avião sofre uma suspeita turbulência. Mulder parece satisfeito que suas teorias estão começando a serem clareadas. Na estrada em direção ao cemitério, onde fariam uma exumação do corpo de uma das vítimas anteriores, o rádio sofre uma forte interferência, chamando a atenção de Mulder, e o fazendo descer e pichar um grande "X" na estrada, para demarcar o marco zero do estranho acontecimento. Scully assiste a tudo com o ar de incompreensão.
No cemitério, após serem interrompidos por Jay Nemman (Cliff DeYoung) legista local, e sua filha, Theresa Nemman (Sarah Koskoff), os Agentes ficam perplexos com o corpo de um suposto alienígena na cova. Eles então partem para realizar uma exumação detalhada, e a animação de Mulder é novamente enorme. Já Scully, pretende encontrar alguma resposta mais "terrena", mesmo extraindo um implante metálico do corpo. Enquanto escreve seu relatório para o Bureau, Scully é atrapalhada por Mulder batendo a porta, que em resposta a pergunta da Agente, responde ser "Steven Spielberg", uma ótima piada que faz todo o sentido na trama. Os dois se dirigem até o hospital psiquiátrico onde o médico Glass (Malcolm Stewart) era o responsável pelo tratamento da vítima anterior, e que agora supervisiona a terapia de outros dois jovens que eram da mesma classe dos demais mortos. Billy Miles (Zachary Ansley) está em um estado vegetativo após sofrer um acidente de carro com sua namorada, Peggy O'Dell (Katya Gardener) que insiste em ficar ao lado de sua cama o protegendo. Após a garota se descontrolar, os Agentes percebem que ela também possui as estranhas marcas encontradas no corpo da jovem morta no início do episódio, o que deixa Scully confusa. É neste momento, em que ela diz necessitar saber da "verdade" do que está acontecendo. A palavra "verdade" (ou "truth" em inglês) é dita de forma simples, mas que se provaria ser um dos principais fatores de toda a série.

Determinados a investigarem o local onde os jovens tiveram um suposto contato com alguma entidade, Mulder e Scully vão até a floresta nos arredores da cidade. Nesta cena, temos feixes de lanternas, uma locação desolada e sombria, alguém os espreitando e uma trilha sonora misteriosa, todos pilares fundamentais no qual a série foi construída no decorrer dos anos. Eles são expulsos da floresta pelo Detetive Miles, alegando que o local é uma propriedade particular. Sem questionarem por qual motivo o Detetive estaria ali em plena noite, eles voltam para o seu hotel. No caminho, são surpreendidos por uma cegante luz branca, fazendo com que o motor do carro de Mulder morresse. O Agente surpreso, mas novamente animado com o ocorrido, sai do carro procurando por algo no chão, e acaba encontrando o grande "X" que ele havia pichado na estrada um pouco mais cedo. Para a incredulidade de Scully, que começa a perceber que algumas coisas que seu colega diz, fazem sentido.


De volta ao hotel, a energia é cortada pela forte tempestade que atinge a região, e os Agentes são abrigados a utilizarem velas. Se despindo para tomar banho, Scully percebe que possui algumas estranhas marcas nas costas, e entrando em desespero, corre para o quarto de Mulder. Após ser reconfortada de que as marcas não passam de picadas de mosquitos provenientes de sua recente aventura na mata, ela e Mulder resolvem conversar enquanto a eletricidade não volta. Mulder então conta a Scully sobre o motivo pelo qual se interessou em fazer parte do FBI e sua excitação ao descobrir o Departamento X, tudo tendo início com a suposta abdução de sua irmã Samantha, quando os dois eram crianças. Mulder revela que o Governo americano têm conhecimento das abduções no país, e que não toma atitude alguma. A complexa trama de conspiração foi também um dos pilares da trama, que seria melhor desenvolvida nos futuros episódios taxados como "mitológicos". Os Agentes recebem uma ligação informando-os de que Peggy O'Dell foi morta em uma estrada, no exato momento em que eles perderam alguns minutos de tempo após o clarão de luz. As coisas pioram quando retornam ao hotel, e o encontram em chamas, intencionalmente causadas para ocultar as provas até então coletadas. Theresa Nemman os contata e diz também é uma das pessoas que possuem as estranhas marcas e pede proteção, já que teme por sua vida. Mulder então começa a entender quem é o responsável pelas mortes, Billy Miles, o garoto em coma.
Voltando ao hospital psiquiátrico, descobrem que os pés do rapaz estão sujos de uma espécie de fuligem, a mesma encontrada nas matas em que as mortes acontecem, provando que de alguma forma, ele esteja envolvido no ocorrido.

Os Agentes concordam em retornar ao lugar, chegando bem a tempo de presenciarem um novo rapto por alguma entidade. O Detetive Miles, pai de Billy, sabe que seu filho é uma espécie de canal para as abduções, e pretende manter Mulder e Scully afastados o máximo possível dele enquanto o rapaz rapta Theresa. Após um novo feixe cegante de luz, Mulder percebe que algo deu errado no processo de abdução, fazendo com que Billy e Theresa permaneçam na clareira da floresta. Aparentemente os alienígenas resolveram acabar com o projeto na região, e/ou que o excesso de testemunhas no local; o pai de Billy, Mulder e Scully tenham atrapalhado os planos. É interessante notar, que as experiências envolvendo a criação dos Supersoldados (apresentada na oitava temporada) já estava em andamento desde 1993, tendo demorado para atingir o exito esperado. Na Sede do FBI, Billy relata todo o ocorrido desde o contato inicial com os alienígenas, e seu depoimento é acompanhado de inúmeras pessoas incrédulas sobre suas declarações (com exceção de Mulder e o Smoking Man, que novamente aparenta estar preocupado com algo). Scully é chamada pelo Chefe Blevins para reportar suas conclusões sobre o caso, mas relata não ter uma resposta definitiva e oficial sobre as investigações da dupla. Contudo, ela entrega o implante metálico que havia retirado de uma das vítimas, causando um certo desconforto nas autoridades presentes na sala. O episódio acaba com o misterioso Smoking Man percorrendo uma enorme instalação apinhada de estantes com diversos artefatos, guardando então o implante junto com diversos outros. É revelado que a instalação fica no Pentágono, fazendo com que as afirmações de Mulder sobre uma enorme conspiração enraizada no Governo comecem a fazer o maior sentido do mundo.

O episódio piloto da série é exatamente o que qualquer outro inicial deve ser; consegue apresentar seus personagens de forma séria, e faz com que os telespectadores se envolvam com a trama. Mesmo aparentando ser bem inferior em qualidade técnica com o restante da série, o piloto de The X-Files se mostrou um enorme avanço para a época, e conseguiu não se tornar datado, mesmo após mais de 20 anos de sua exibição original. A direção de Robert Mandel, embora básica, é auxiliada principalmente pelas atuações dos protagonistas. Estava definitivamente plantada a semente que explodiria na cultura mundial no decorrer dos anos 90, e que até hoje, mantêm firme a sua marca no imaginário popular.



NOTA
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Episódio exibido originalmente em 10 de setembro de 1993, pela Fox.
Dirigido por Robert Mandel.
Escrito por Chris Carter.


REVIEW: Fresno - "Ciano"

Em 2006 a banda Fresno lançou Ciano, seu terceiro CD, e que viria a ser tornar objeto de culto por 99% do fãs. Ele possui 14 canções, 11 inéditas compostas por Lucas Silveira (vocal/guitarra) e 3 regravações especiais do álbum Quarto dos Livros ("Teu Semblante", "Stonehenge" e "Sono Profundo"). A formação da banda na época do lançamento tinha além de Lucas, Vavo (guitarra), Pedro Cupertino (bateria) e Rodrigo Tavares (baixo/vocal) que entrou oficialmente na banda após a saída de Lezo, e que também já havia produzido o álbum anterior, O Rio, a Cidade, a Árvore (2004).


Faixas;

1 - "A Resposta"
2 - "Quebre as Correntes"
3 - "O Que Hoje Você Vê"
4 - "Absolutamente Nada"
5 - "Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco de Minhas Lágrimas"
6 - "Logo Você"
7 - "O Peso do Mundo"
8 - "Alguém Que Te Faz Sorrir"
9 - "Soneto Para Petr Cech"
10 - "Enferrujou"
11 - "Infância"
12 - "Teu Semblante" (faixa bônus)
13 - "Stonehenge" (faixa bônus)
14 - "Sono Profundo" (faixa bônus)

Lucas Silveira realizou um trabalho fantástico com as letras deste álbum, adicionadas à sonoridade mais pesada da banda, os catapultou para o reconhecimento nacional. A faixa de abertura do disco, "A Resposta" já comprova o que virá em seguida, principalmente com as aguçadas guitarras, complementos importantes para o espírito da banda desde o seu primeiro EP. A segunda, "Quebre as Correntes", taxada como o maior hit da banda, possui algo de especial em sua melodia, tornando-a uma das preferidas para a grande parte dos fãs. O destaque (se é que essa palavra pode ser usada para descrever alguma das canções deste disco) fica para a poderosa "Cada Poça Dessa Rua Têm Um Pouco de Minhas Lágrimas", que certamente é uma das maiores obras da música brasileira, ultrapassando o gênero do rock.
"Alguém Que Te Faz Sorrir", a oitava música, também figura entre as queridinhas dos fãs da banda, não por acaso, já que todo o seu desenvolvimento é de fácil identificação para quem a escuta. A canção final do disco (dentre as 11 composições originais), "Infância", foi a escolha perfeita para a despedida, sendo mais calma e usando as alusões da letra para fisgar o ouvinte. Já as três faixas bônus, sofrem leves (e ótimos) ajustes para que possam adentrar ao clima do restante das canções inéditas do álbum.
Ciano pode ser considerado como o último trabalho rotulado de emocore (fechando com chave de ouro os primórdios da banda), e foi também o responsável por tirar os gaúchos do "submundo" da música brasileira, graças à toda combinação de suas fantásticas letras e suas muito bem alinhadas guitarras. Com o sucesso nacional, a banda pôde se sentir mais segura para explorar alguns novos territórios (que serão percebidos já em seu álbum seguinte, Redenção).



NOTA
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Álbum: "Ciano"
Ano de Lançamento: 2006
Gênero: Rock, Emocore
Gravadora: Terapia Records


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

REVIEW: Fresno - "O Rio, a Cidade, a Árvore"

O Rio, a Cidade, a Árvore foi o segundo álbum de estúdio da banda Fresno, sendo lançado em 2004, e contando com 12 faixas. A formação da banda na época do lançamento contava com Lucas Silveira (vocal e guitarra), Vavo (guitarra), Lezo (baixo) e Pedro Cupertino (bateria). Rodrigo Tavares foi um dos produtores deste álbum, tendo-o editado em seu próprio apartamento, antes de ser convidado oficialmente para integrar a formação da banda em 2006, substituindo o baixista Lezo. O CD conta com ótimos acréscimos não só nas letras mais diversificadas em relação ao trabalho anterior (Quarto dos Livros, de 2003), como também na forma com que os instrumentos são perfeitamente alinhados com todo o contexto apresentado nas canções.


Faixas;

1 - "Orgulho"
2 - "Onde Está"
3 - "Experiência"
4 - "O Que Sobrou"
5 - "Verdades Que Tanto Guardei"
6 - "Duas Lágrimas"
7 - "Impossibilidades"
8 - "Velha História"
9 - "Plano e Promessas"
10 - "Evaporar"
11 - "Outra Vez"
12 - "Pergunta"

Este foi o álbum em que realmente a banda conseguiu rotular suas canções como hits, e merecidamente. Com exceção de "Onde Está", que foi composta por Lucas, Vavo e Tavares, todas as demais são de autoria de Lucas. "Orgulho", a canção que abre o CD é uma de suas mais ousadas canções, e melodicamente poderosa para uma introdução. A já citada faixa "Onde Está", comprova ser a melhor parte deste material, sendo ovacionada por fãs e críticos até hoje. Este também é o trabalho em que a ríspida bateria comandada por Pedro, faz toda a diferença, impondo em diversas vezes a marca que a banda manteria futuramente como o melhor representante do emocore nacional. A excelente canção "Evaporar", possui a alma dos trabalhos anteriores (O Acaso do Erro e Quarto dos Livros) e aparenta não se enquadrar no álbum, mas de certa forma, acaba funcionando aqui como uma despedida desta fase da banda.
O perceptível desenvolvimento da banda, comprova que este álbum foi um de seus mais importantes. Pode ser definido também, como o último com a "pegada de garagem" musical, já que no seu trabalho sucessor (Ciano, que seria lançado em 2006), a Fresno atingiu um novo nível de maestria que se mantem até hoje.



NOTA
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Álbum: "O Rio, a Cidade, a Árvore"
Ano de Lançamento: 2004
Gênero: Rock, Emocore
Gravadora: RCT


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

REVIEW: Fresno - "Quarto dos Livros"

O primeiro álbum de estúdio da banda Fresno, nomeado de Quarto dos Livros, foi lançado em 2003 e contou com 10 faixas. Mesmo definindo uma evidente evolução quanto à seu EP antecessor (O Acaso do Erro, lançado em 2001), pode ser considerado aos ouvidos mais atentos como uma espécie de "Parte 2" ou "Apêndice" do mesmo. As composições são muito bem construídas, mas ainda assim, refletem ou ecoam (no bom sentido) o que foi feito antes.
Lucas Silveira (agora como o vocalista da banda após a saída de Leandro Pereira) demonstra nos primeiros segundos do álbum, que ele definitivamente nasceu para estar à frente do grupo. A formação da banda na época, além de ter Lucas no vocal e na guitarra, contava com Gustavo Mantovani (também na guitarra), Lezo (no baixo) e Pedro Cupertino (na bateria).



Faixas;

1 - "Teu Semblante"
2 - "Desde Já"
3 - "Carta"
4 - "Carpe Diem"
5 - "O Gelo"
6 - "Se Algum Dia Eu Não Acordar"
7 - "Mais Um Soldado"
8 - "Stonehenge"
9 - "1 Eu Sem 1 Você"
10 - "Sono Profundo"

Com a visível (ou audível) evolução desde seu EP anterior, a banda crava com facilidade algumas de suas melhores letras. A primeira faixa, "Teu Semblante" pode ser classificada como "triste-animadora", já que ao mesmo tempo em que declara abertamente alguns pontos baixos da vida, incentiva à constantes melhoras. "Carpe Diem", é sem dúvida a canção mais violenta (musicalmente falando) que a banda fez em seus primeiros anos. Com uma letra sucinta e bem escrita, é acompanhada de uma perfeitamente sincronizada guitarra. Contudo, falando em guitarra, o destaque fica para a melhor faixa do álbum; "Mais Um Soldado", que possui o MELHOR solo da guitarra da banda (até os trabalhos lançados em 2014, ao menos). Em seus minutos finais, o resultado chega a ser divino, apoteótico (sem exagero).
O álbum ainda conta com "Se Algum Dia Eu Não Acordar", canção que já tinha visto a luz do dia no EP anterior, mas aqui ganha uma versão turbinada e mais dinâmica. Já a faixa "Stonehange", é um dos maiores exemplos da qualidade não só da banda, mas de todo o conteúdo emocore produzido na língua portuguesa até hoje.




NOTA 
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Álbum: "Quarto dos Livros"
Ano de Lançamento: 2003
Gênero: Rock, Emocore
Gravadora:  Sweet Salt/Antimídia



domingo, 17 de janeiro de 2016

REVIEW: Toma Lá, Dá Cá - "Piloto" (especial de final de ano)

Na noite de 29 de dezembro de 2005, a Rede Globo exibia um especial de final de ano chamado Toma Lá, Dá Cá. O especial foi concedido para ser um termômetro para uma possível nova sitcom que a emissora pretendia desenvolver. O roteiro ficou a cargo dos brilhantes Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, que já tinham roteirizado a aclamada sitcom Sai de Baixo (também exibida pela Rede Globo), e caso fosse bem aceito pelos telespectadores, entraria na grade de programação do canal em 2006.

O texto a seguir, contêm um estratosférico número de SPOILERS.

O especial contava com nomes de peso da teledramaturgia brasileira; Adriana Esteves (Celinha), Diogo Vilela (Arnaldo), Débora Bloch (Rita), Alessandra Maestrini (Bozena), além do próprio Falabella (Mário Jorge). Também foi composto pelos até então novatos Mitzi Evelyn (Isadora), George Sauma (Tatalo) e Daniel Torres (Adônis). Não deu outra. Os telespectadores adoraram, e segundo dados divulgados na época, a audiência registrada pelo especial foi de 34 pontos no Ibope. Após a estréia triunfal, a emissora não demorou à garantir uma temporada completa em sua grade de programação, contudo, ela foi adiantada para a temporada de 2007 (na época a atriz Adriana Esteves estava grávida, impossibilitando as gravações dos episódios semanais).




O começo tímido, porém ousado (com palavrões já no piloto), já deixava claro a linha que a série desenvolveria. Em suas primeiras aparições, as personagens criadas por Falabella já conquistam logo de cara o telespectador. A abertura do especial (mostrando fotos de diversas fases do passado dos casais) é bem diferente da que seria usada na série, mas bem mais chamativa.
A trama é ambientada no condomínio Jambalaya Ocean Drive, que é situado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Celinha atualmente é casada com Mário Jorge, e Rita é casada com Arnaldo. Porém, Celinha já foi casada com Arnaldo, e Rita com Mário Jorge. Como se não bastasse a confusão de casais (que todos afirmam ter sido apenas coincidência), eles moram no mesmo andar, um apartamento de frente ao outro. Os filhos dos casais; Adônis (filho de Celinha e Arnaldo), e Isadora e Tatalo (filhos de Rita e Mário Jorge) também fazem parte da trama, tornando a vida dos pais um verdadeiro caos já no episódio piloto. Adônis é muito inteligente para um garoto de sua idade, mas isso não impediu de ser rotulado como "esquisito" pelos demais. Isadora é a menina rebelde, e Tatalo o rapaz bobão que vive se metendo em trapalhadas. As famílias ainda contam com os serviços da empregada doméstica Bozena, uma paranaense de Pato Branco que possuí uma língua solta e que rouba (e continuaria roubando) a cena.
A narrativa começa com uma Isadora desaparecida na madrugada, que causa um rebuliço nos casais. A personalidade da personagem sofreria uma vaga mudança na série, além de sua atriz intérprete. No especial, o papel ficou com Mitzi Evelyn, que pouco deixou no histórico da personagem, facilitando para que Fernanda Souza pudesse desenvolvê-lo de uma melhor forma ao assumir o papel.
O interessante, é notar que em momento algum o especial se apressa em resolver os arcos de cada personagem, apenas se dando ao trabalho de nos apresentar ao passado das famílias, para que o presente seja entendido de uma melhor forma. Sabemos por exemplo, que Rita e Mário Jorge eram corretores de imóveis parceiros, mas após o divórcio, se tornaram rivais nos negócios. A desenvoltura dos casais é o ponto forte do especial, já deixando definidas as suas personalidades; Mário Jorge é o folgado, Celinha é a mãezona, Arnaldo o ansioso e Rita a estressada. No especial, Rita foi interpretada pela atriz Débora Bloch, mas devido a sua agenda teatral, não poderia retornar para uma série fixa. Dessa forma, Falabella convidou Marisa Orth (antiga companheira de trabalho em Sai de Baixo) para assumir o papel na série (que foi uma acertadíssima escolha).




Como o especial foca em nos apresentar as personagens, o grande movedor da trama é a festa de réveillon que se aproxima. Celinha se mostra preocupada em oferecer um ótimo jantar para a festa, enquanto Rita encomenda todas as comidas já prontas, atitude que não daria um bom resultado no final...
Arnaldo estra em pânico ao saber que está tomando uma medicação suspeita feita à base de ovos de uma lagarta das Filipinas, e acaba contando para Mário Jorge que ele também está "participando" desse método há algum tempo. Bozena tenta fazer com que suas simpatias resultem na "volta do seu amor em 3 dias", além de estar preocupada com a sua participação na encenação da típica peça paranaense d'A Gralha Azul. A narrativa peca um pouco apenas com o elenco juvenil, fazendo com que seus personagens aparentem estar perdidos em meio às cenas dos adultos (talvez com exceção de Adônis e seu problema com a entrada na puberdade), mas também é de se esperar que com um elenco estelar como foco principal, acabe tornando o núcleo jovem bem menos participativo (pelo menos no especial).
Foi assim que de uma forma simples, que em menos de uma hora o especial conquistou não apenas a audiência, como também o interesse da Rede Globo em fixá-lo em sua grade de programação. Miguel talvez não sabia, ou fazia apenas uma vaga ideia, de que ali nascia um dos melhores e mais marcantes humorísticos (se não o melhor) da TV brasileira de todos os tempos.



NOTA DO EPISÓDIO
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Episódio exibido originalmente em 29 de dezembro de 2005, pela Rede Globo.
Dirigido por Roberto Talma.
Escrito por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa.



REVIEW: Fresno - "O Acaso do Erro"

O Acaso do Erro, foi o primeiro EP da banda gaúcha Fresno, lançado de forma independente em 2001. O material conta com 6 faixas, possuindo já nos primórdios da banda o que se tornaria marca registrada em seus álbuns futuros. A capa do EP, além de simples, é uma metáfora para os sentimentos retratados no decorrer das canções. A formação original da época, era composta de Leandro Pereira (vocalista), Lucas Silveira (guitarra e futuro vocalista da banda), Gustavo Mantovani (guitarrista), Bruno Teixeira (baixista) e Pedro Cupertino (bateria).


Faixas;

1 - "Mundo Injusto"
2 - "Seu Namorado É Um Idiota"
3 - "Se ao Menos Você Voltasse"
4 - "Frases Engasgadas"
5 - "A Sete Palmos do Chão"
6 - "Se Algum Dia Eu Não Acordar"

A sonoridade da banda é ríspida, grave e muito bem dosada para com as letras escritas por Lucas Silveira. As guitarras tornam o desenvolvimento das canções, principalmente em "Se ao Menos Você Voltasse", acompanhadas da bateria comandada por Pedro, algo próximo ao surrealismo.
A fácil identificação com as letras, que também acabou se tornando algo recorrente com as canções no futuro da banda, chama a atenção já nos primeiros minutos. Lucas comprova que todos os sentimentos represados no interior de uma pessoa, se expressados de maneira certeira, resultam em um trabalho formidável.
Sem dúvida, a melhor faixa do EP é "Se Algum Dia Eu Não Acordar", finalizando muito bem essa primeira fase da banda, que logo em seu primeiro trabalho, já dava indícios de que se tornaria um grande nome do rock brasileiro.




NOTA
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Álbum: "O Acaso do Erro"
Ano de Lançamento: 2001
Gênero: Rock, Emocore
Gravadora: Independente



segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Review: Livro Star Wars - The Force Awakens



 First comes the day then comes the night. After the darkness shines through the light. The difference, they say, is only made right by the resolving of gray through refined Jedi sight.
- Journal of the Whills, 7:477

Muitos já devem estar cansados de lerem análises do mais novo filme da saga Star Wars: O Despertar da Força. Ele agradou alguns e deixou um gosto amargo na boca de outros. Entretanto, é inegável que o longa deixou algumas questões pendentes e possui alguns furos no roteiro. É aí que entra a novelização do filme. The Force Awakens, apesar de contar a mesma história do filme, também serve como um complemento. Allan Dean Foster consegue preencher algumas lacunas que ficaram em aberto e ao mesmo tempo mantém as questões mais importantes ainda sem respostas. A review a seguir contém spoilers do filme, portanto só leia se você já assistiu ao longa!

Como já dito anteriormente, a trama é a mesma do filme. Luke Skywalker está desaparecido e Léia está desesperada para encontrá-lo. Do outro lado, erguida das cinzas do Império Galático, está a Primeira Ordem que também está em busca do mestre Jedi. O melhor piloto da Resistência (grupo liderado pela General Organa) é enviado ao planeta Jakku para recuperar um mapa que irá levá-los até Skywalker. Essa é a premissa que vimos logo no início do filme e livro. A diferença começa a partir daí. O livro logo de cara nos apresenta à Resistência e nos mostra o quanto Leia está desesperada para achar o irmão, sendo cogitado que ela deveria ir buscar o mapa no lugar de Poe Dameron. A partir desse ponto temos a mesma história apresentada no início do filme. Os diálogos – em sua maioria – são os mesmos também.

O grande destaque do livro fica por conta de cenas que não entraram no filme e por detalhar os personagens e seus conflitos de uma maneira que seria impossível na tela. Um exemplo é o desaparecimento de Poe na queda do caça TIE que ele e Finn roubaram a fim de fugir da Primeira Ordem. Em nenhum momento o filme explica como ele se salvou e voltou para a base da Resistência. O livro sana essa dúvida mostrando em detalhes tudo que Poe passou ainda que sejam poucas cenas.



Outra sequência que merece destaque é quando Rey tem “a visão” ao tocar no sabre de Luke. No livro ela é descrita de uma maneira um pouco diferente e o leitor fica sabendo que o momento em que os Cavaleiros de Ren aparecem é na cena em que o templo Jedi estava sendo destruído. Outro ponto importante é o famoso “despertar de R2”. Ao contrário do que o filme mostra – R2 despertando misteriosamente no momento em que Rey chega na base da Resistência – o livro explica o que levou o dróide a acordar e a encontrar o tão procurado restante do mapa que levava a Luke Skywalker.

Novamente volto a destacar a maneira como os conflitos internos são apresentados. Em diversos momentos somo apresentados a cenas em que o autor tenta nos mostrar o que se passava na mente do personagem. Temos uma cena na qual Rey cogita vender BB-8 em troca de várias porções chegando, até mesmo, a agredir o pequeno dróide. Em outra vemos como Kylo Ren vive em conflito e isso é um ponto muito positivo para a construção do personagem. Muitos reclamaram do Kylo na tela do cinema, mas a visão que é apresentada no livro consegue complementar muito bem a atuação de Adam Driver. Na famosa cena entre Kylo e Han os diálogos sofrem uma leve alteração, mas a maneira como a cena é descrita traz um peso muito grande evidenciando as ações de cada um. Em um lado vemos o que passou pela mente de Han para que ele tomasse a decisão de falar com o filho e do outro vemos que Kylo sofreu para decidir a morte do pai, mas o fez em busca de poder. Houve diversas críticas sofre como Kylo foi “massacrado” na batalha contra Rey, mas através do livro é explicado o quão vulnerável ele estava naquele momento.



Para aqueles que questionaram a relação entre República e Resistência, a obra de Alan Dean Foster consegue passar a tensão que existia entre elas. No filme, durante a destruição do sistema Hosnian, vemos uma jovem negra observando de uma sacada o raio da base Starkiller se aproximando da superfície do planeta. Essa personagem possui um papel um pouco mais destacado no livro, sendo ela Korr Sella, a emissária de Léia na República. Outro personagem possui seu destino explicado no livro: Unkar Plutt. No filme, após Rey e Finn fugirem de Jakku o personagem sai de cena, já na novelização vemos o que realmente aconteceu com ele.

Apesar de seus pontos positivos, o livro peca ao correr muito na narrativa a partir do momento em que Han morre. Fica a sensação de que o autor queria terminar a história o mais rápido possível. Entretanto, isso não faz com que a obra perca seu mérito ao responder algumas questões e deixar o leitor com outras, como é caso de que aparentemente Kylo já conhecia Rey.

The Force Awakens é um bom livro feito para sanar dúvidas e criar muitas outras. Para aqueles que querem entender determinados eventos do filme ou apenas se aprofundar mais nesse novo capítulo da saga, é uma leitura indispensável. Apesar de perder um pouco do brilho no final, o livro passa toda a sensação que tivemos ao ver o longa na telona. É uma novelização que anda de mãos dadas com o filme e ainda proporciona algumas cenas que foram deletadas. No momento o livro está disponível apenas em inglês, mas é bem possível que em breve ele seja traduzido para outras línguas. Para aqueles que não aguentam esperar, boa leitura e que a Força esteja com você!

Livro: Star Wars - The Force Awakens
Autor: Alan Dean Foster
Páginas: 272
Nota: 


domingo, 10 de janeiro de 2016

REVIEW: Mr Bean - "Episode 1" (1X01)

O episódio piloto do seriado Mr Bean, além de seguir à risca a "Cartilha" das séries cômicas britânicas, é um dos raros exemplos em que logo nos segundos iniciais do primeiro episódio, nos deixam com a incrível sensação de intimidade para com a narrativa. Talvez pelo carisma do personagem título (interpretado magistralmente por Rowan Atkinson), talvez pela simplicidade da trama quase sem falas ou talvez por ser tão convidativa ao espectador.

O texto a seguir, contêm um estratosférico número de SPOILERS.


O episódio é dividido em 3 atos, colocando o personagem em diversas situações; em uma prova, na praia e em um culto religioso.
A abertura da série consegue dar um ar de "mistério" e ao mesmo tempo de "explicação", já que pode-se supor que Bean tenha sido vítima de uma abdução alienígena (explicando seus maneirismos atípicos). No caminho para o local da prova, Bean tenta fazer uma ultrapassagem com o seu carro, sendo "atrapalhado" por um modelo azul de Reliant, que logo é colocado literalmente para fora da estrada. Ao chegar no local, ele acaba ficando com o único lugar vazio, ao lado de um aparente candidato ansioso (um personagem sem nome, que foi interpretado por Paul Bown). Após o vizinho colocar uma caneta e um lápis sobre a mesa, Bean sente-se na obrigação de superá-lo, esvaziando os bolsos do paletó com infindáveis canetas, ao mesmo tempo em que faz gestos de superioridade (algo que se tornaria típico da personalidade do personagem nos episódios seguintes).
Bean consegue tornar a mesa em que o exame será aplicado em um ambiente de escritório, acrescentando um relógio, um boneco da Polícia Inglesa e até uma maliciosa pelúcia da clássica Pantera Cor-de-Rosa. Quando a prova começa, ele percebe que além de serem poucas questões, elas aparentemente são muito complicadas. Desesperado, Bean tenta colar do vizinho, utilizando os mais variados (e hilários) métodos, e causando a revolta não só da vítima, como também do aplicador da prova (interpretado por Rudolph Walker).


No segundo ato (e também o mais curto), Bean está se dirigindo para uma praia, e eis que o motorista do Reliant azul surge na estrada, e acaba sendo tirado dela pelo despreocupado Bean. Chegando na praia, o personagem inicialmente pensa estar sozinho e resolve se trocar ali mesmo. Contudo, ele percebe que mais alguém está no local, um senhor (interpretado por Roger Sloman) sentado próximo, de óculos escuros. Irritado por não poder vestir sua sunga, ele começa à colocá-la sob a calça, tendo um enorme trabalho. Ao final do trabalhoso ato, Bean têm uma surpresa com o banhista de óculos escuros...


No terceiro e último ato, Bean se dirige à um culto religioso da Igreja Anglicana, e resolve estacionar seu carro em uma vaga já ocupada (adivinhe, por um modelo Reliant azul novamente!). Como ele chega atrasado, acaba se sentando ao lado de Mr Sprout (interpretado pelo ótimo Richard Briers), e este compartilha seu livro de canções religiosas com Bean. Quando a pregação começa, Bean sente-se entediado, e começa a se distrair até finalmente cair no sono. As tentativas de se manter acordado são o plot alto do episódio, acompanhado das reações do Mr Sprout ao estranho comportamento de Bean. Durante os créditos finais, Bean acaba entrando com seu carro em uma rua morta e sofrendo um acidente, e em seguida, o motorista do Reliant azul (again!) passa pelo local com uma possível sensação de vitória.



NOTA DO EPISÓDIO 
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Episódio exibido originalmente em 1 de janeiro de 1990, pela ITV.
Dirigido por: John Howard Davies.
Escrito por: Ben Elton, Richard Curtis e pelo próprio Rowan Atkinson.

P.S. episódio completo disponível no YouTube.